Na notícia de hoje do i, o Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, estimava que " numa factura da água três em cada dez euros pagos sejam água não consumida, ou seja, há um desperdício de 30%” que equivale a água que se perde na rede e nunca chega ao consumidor".
Um enorme desperdício de um recurso escasso - apesar de renovável. As ditas perdas refletem a política - ou a ausência dela - deste bem essencial.
A abundância de legislação no que concerne à água - maior de há dez para cá, devido à Directiva 200/60/CE -, não tem sido compaginável com acções concretas no seu uso racional e eficiente. Veja-se, por exemplo, no PNUEA - Programa Nacional para o Uso eficiente da Água. Em meados do ano passado, esteve em discussão pública o novo PNUEA, tendo sido o anterior, aprovado em Conselho de Ministros de 2005, tibiamente aplicado. Ou seja, boas intenções, mas ausência de resultados práticos no uso racional da água - quando se elabora um documento destes e não se preconiza metodologia que avalie a sua implementação, está tudo dito. No novo programa, o MAMAOT, definiu que "as metas a atingir até 2020 apontam para reduzir o desperdício de água no setor urbano para 20%, no setor agrícola para 35% [Eficiência Hídrica na Agricultura] e no setor industrial para 15%." As metas estão traçadas, esperemos agora que, no terreno, as acções concretas resultem e que, simultaneamente, seja avaliada a eficácia de cada uma.
Se a análise fosse às perdas de água no Alto-Minho, os resultados seriam ainda mais preocupantes. Na nossa região, os números dizem-nos que, por cada metro cúbico que nos chega a casa, há metade que se perde! Perdas causadas por problemas técnicos na rede, mas também por problemas de gestão comercial da água. Esta irracionalidade explica-se pelo pouco valor atribuído ao recurso e à apatia das autoridades em inverter este estado de coisas. Urgem acções concretas e maior sensibilidade nossa para a importância da água. Será, como diz o aforismo, que só "damos valor à agua, quando o poço seca"?
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